No ano passado ouvi de um amigo que as coisas no Brasil são como são porque o povo brasileiro é bastante pacato... bom, de início pode parecer um exagero, mas no fundo é uma grande verdade!
O grau de tolerância com os serviços que nos são prestados é absurdo, vivemos nos conformando com o pouco que nos ofertam. Acostumamos ser mal atendidos em todos os lugares, aceitamos ser julgados pela aparência, toleramos os erros que nos prejudicam com o famoso "deixa pra lá!".

Não vou nem dizer da prestação de serviços públicos porque isso é chutar cachorro morto (me perdoem os bons servidores públicos, que tenho certeza serem muitos), mas estou aqui num exercício de auto-crítica, porque sou servidora pública e vejo todos os dias o bando de come-dorme que literalmente mamam nas tetas do governo e reclamam de tudo, desde a jornada de trabalho diária até o salário (que sempre é insuficiente). Mas esse assunto dos servidores públicos vou deixar pra outro post.

Vamos lá! Todas as categorias profissionais prestadoras de serviço reclamam, mas a grande questão é a seguinte: COMO É O SERVIÇO QUE EU OFEREÇO? 

Será que os reclamões de plantão respeitam os seus clientes? Hoje vi um post solicitando respeito aos médicos (abro aqui um parêntese aos excelentes médicos que conheci durante minha vida, e especialmente aos que agradeço pelo fato de estar viva!), mas como anda o atendimento médico no Brasil?

É horrível a sensação de entrar num consultório médico e não ser examinado, ouvido, atendido, considerado... pior ainda quando o médico duvida daquilo que o paciente diz. Entendo que o médico pode estar insatisfeito com a remuneração, plano de saúde, jornada de trabalho, mas jamais vou entender como uma profissional que lida com aquilo que temos de mais importante, desconte sua insatisfação naquele que é a "causa" da sua existência: o paciente!

Permanece aí a passividade, como se o profissional de saúde fizesse um grande favor em atender o pobre coitado! Não é favor, é prestação de serviço! E como tal, tem que ser feito com qualidade. 

Quando um profissional (qualquer que seja ele) vai atender um "cliente" deverá fazê-lo de modo a superar suas expectativas, afinal de contas, nesse mundo capitalista a regra é do toma lá, dá cá! Mas no nosso caso funciona mais ou menos assim: toma aqui seu atendimento e sinta-se muito feliz, estou fazendo mais do que você merece e menos do que posso, afinal de contas, meu salário é muito baixo!

Quando aceitamos um emprego não adiante ficar choramingando o salário e culpabilizando o cliente pela má remuneração, ao assinarmos um contrato (seja com o setor público ou privado), aceita-se livremente as condições, vendemos nossas horas ociosas para o "patrão" e se estamos insatisfeitos, temos que acertar com aquele que combinamos, não com o cliente/consumidor.

 É preciso adquirir o hábito de reclamar, de exigirmos respeito como clientes, mas sobretudo como cidadãos, seres humanos... 

Mantenho a esperança de mudanças, mas nenhuma mudança acontece se não for provocada. Assim como os profissionais protestam e exigem melhores condições, remuneração, etc, temos nós, usuários dos diversos serviços o direito de reclamarmos e exigirmos atendimento de qualidade.





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