Dando a cara a tapa!

Não concordo com o sistema de cotas...
Já tentei buscar algum elemento que pudesse alterar o meu ponto de vista sobre o tema e não consegui me filiar a nenhum argumento apresentado.
Sou uma defensora da igualdade e concordo com a discriminação positiva, não da forma como tem sido feita (ou pelo menos, tenta-se fazer!).
Acho que a exclusão não pode ser vista somente do ponto de vista racial, porque no meu entender ela é muito mais sócio-econômica... as pessoas são excluídas em função da sua capacidade financeira, dificuldade de acesso e desconhecimento dos direitos.
É essa falta de equilíbrio na distribuição de renda que faz com que os indivíduos não cheguem em condições de igualdade na hora de concorrer a uma vaga.
Existe uma dificuldade imensa em se classificar quem é ou não negro ou indígena nesse país... invariavelmente, muitos serão os que tentarão se beneficiar se declarando negros em razão de ancestralidade e não por aspectos físicos objetivos, principalmente a cor da pele.
E quem poderá determinar se é ou não o indivíduo negro?
Quem se arriscará entrar nessa seara indefinida que é a miscigenação racial no Brasil?
Para a genética, raça humana é um conceito inexistente (Pena; Bortolini, 2004, p. 31) e, segundo estudos 86% da população brasileira apresenta mais de 10% de ancestralidade africana e que 48% dos afro-descendentes brasileiros se classificam como brancos.
Será que os antropólogos poderão determinar esse traço racial pela observação e entrevistas? Ou os psicólogos diagnosticarão o grau de "negritude" presente no conjunto sócio-ambiental de cada indivíduo?
Esse conceito é de uma imprecisão absurda!
Concordo que políticas públicas devem ser adotadas para que a inclusão seja alcançada, mas com distribuição uniforme dos recursos e condições para todos que estejam à margem, propiciando melhor acesso à educação, cultura, saúde, saneamento, lazer, dentre outras.
Assim, deve-se lembrar, quando for discutir incusão social, do sertanejo, do ribeirinho, do morador de aglomerados e de rua... este, independente de cor de pele,estão alijados do processo e sequer têm registro de nascimento em muitos casos!
E também não posso deixar de destacar aquelas pessoas que contrariaram a lógica da sua condição social e alcançaram seu lugar no meio acadêmico ou ingressaram em carreiras públicas promissoras.
Recentemente esteve num programa de TV um rapaz de Pernambuco que não tem geladeira, TV nem condições dignas de habitação e que passou em primeiro lugar para o vestibular de medicina da UEPE... vem estudando com muita dificuldade, mas está firme na sua busca. O irmão dele também é aluno da UFPE...
Para esses, aquela frase clichê cai como luva: "não sabendo que era impossível, foi lá e fez"
E me recordo da amiga Amanda, que largou tudo em Santa Luzia e foi sem qualquer condição econômica, contrariando todas as possibilidades estudar medicina em Roraima, onde se formou e se estabeleceu.
E inúmeros outros casos de pessoas que não se renderam à adversidades e construíram trajetórias de conquistas e sucesso!
Pra mim não dá mesmo...

Read Users' Comments (2)

2 Response to "Dando a cara a tapa!"

  1. simterra, on 7 de julho de 2008 às 10:27 said:

    concordo com cada letra
    com cada virgula com cada ponto do q vc expos!
    vergonha desse governo e de suas pseudo-justificativas!!!

  2. Dona Doida, on 8 de julho de 2008 às 03:32 said:

    Tb discordo, menina.
    Eu me negaria a entrar nessas cotas.
    Acho um desrespeito.
    E omeçam a consertar a casas que tá caindo pintando as paredes pra ficar bonitinha?
    Enquanto isso os pilares estão ruindo.
    Essas intervenções pontuais não resolvem o problema e causam outros.