Bazar da Branca

Ando com umas idéias extremistas
Talvez alguém diga, egoístas
Mas o fato é que isso me tem incomodado demais!
Quando adolescente eu me chocava com o ponto de vista do meu pai sobre planejamento familiar, por ele seriam dois filhos e pronto!
O estado deveria esterilizar como forma de controle de natalidade compulsiva!
Eu julgava aquilo absurdo, violento, arbitrário, afinal, o indivíduo como titular de direitos deveria ter a liberdae de escolher o tamanho da prole
Mas pensando bem, não deve ser bem assim...
Há um desequilibrio no mundo no aspecto demográfico, os países desenvolvidos sofreram uma queda na tx de natalidade o que compromete até a reposição em total oposição aos países pobres e em desenvolvimento
Por essas bandas observa-se que nas classes médias e altas há uma estabilização no número de filhos / casal em oposição à parecela mais pobre da população
Esse quadro, penso eu, favorece esse desequilíbrio social, dificulta o acesso dessas pessoas aos serviços essenciais e prorroga essa situação de pobreza
Não raro verifica-se adolescentes inciando a vida sexual precocemente advindo consequências graves, sobretudo gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis
Há que se considerar que muitos desses adolescentes (agora futuros pais e mães) estão envolvidos com tráfico, moram em área de risco, não têm emprego e baixa escolaridade
Retrocendendo ao histórico pessoal deles, pode-se verificar que foram criados "pelo mundo", num cenário de abandono e descaso familiar e social
Sem educação, saúde, orientação ou afeto...
Apenas se formaram pelo instinto...
E agora serão responsáveis por uma criança (?)
Em alguns casos há uma reversão de comportamento e as coisas até passam a dar certo
Mas o que se verifica é um areprodução sistemática: essas novas mães serão para os seus filhos o que suas mães foram pra elas
Em alguns casos tornam-se viúvas
Em outros são assassinadas por vingança ou acerto de contas (nessa fatura aqui até a criança responde pelos erros dos pais)
Isso quando, por falta de orientação ou cuidado têm outros filhos, os quais sem a mínima condição de prover
Uma vez ouvi uma mulher dizer que teria mais um filho para receber mais um bolsa família
E em um estudo social em um bairro de Santa Luzia / MG, descobriu-se que muitas jovens têm filhos para composição de renda, ou seja, sobrevivem da Pensão Alimentícia devida aos filhos
E os filhos mesmo, como ficam?
Simplesmente por aí... sendo violentados física, moral e emocionalmente!
Tudo isso me fez voltar no tempo e concordar com meu amado pai
(aqui um parênteses para dizer que se eu o tivesse escutado nas inúmeras vezes em qua tentou dizer algo a vida teria sido mais suave!)
Deveria sim haver uma política de saude pública voltada para o planejamento familiar, limitando compulsoriamente o número de filhos
Não porque a pobreza envergonhe ou porque essas pessoas são menos humanas que as demais
Mas porque isso seria uma forma de conter esse abandono e essa violência crescente
Há quem diga que isso fere a dignidade da pessoa humana
Talvez...
Pergunto: E a dignidade da criança? Como fica?
Será digno a uma criança viver sem habitação, saúde, saneamento, educação e lazer condizentes com o mínimo a um desenvolvimento saudável?
Será digno à criança viver à luz da violência e do abandono?
Talçvez seja digno viver na mendicância dos sinais...
Quem sabe ser um soldado do tráfico?
Sinto muito... mas essas crianças já são desprovidas de dignidade ainda dentro da barriga de suas mães que não fazem o acompanhamento pré-natal, que usam drogas e bebem durante a gravidez, que se prostituem...
Isso deve ser cuidado com atenção que merece... discursos ideológicos soam hipócritas ante o cenário social atual...
E na minha opinião, se o indivíduo não demonstra maturidade e capacidade para gerir a própria vida, o Estado não pode ser omisso e permitir que essa situação se mantenha.
Não acredito que o Brasil seja o país do futuro... não mesmo!
Acredito que talvez seja possível minimizar a disparidade social, mas para isso é necessário uma mudança na forma de pensar e agir e isso só é viável com um acesso amplo aos serviços essenciais
Sobretudo à educação, à saúde e a segurança...
É chover no molhado essa conclusão, mas de tão básico finda-se por desconsiderado
Enfim... podem dizer-me pessimista, extremista, egoísta
Mas não considero justo com essas crianças, não mesmo!