Carlos Drummond de Andrade
Eu sou apaixonada pelos textos de Carlos Drommond de Andrade
Eita mineiro porreta!
Jeito mineiríssimo de dizer do cotidiano
Leio, releio e viajo nas palavras...
Fecho os olhos e chego na minha infância
Reconheço paisagens
E a mineiridade que em mim abriga está traduzida nas palavras
Lembro-me do dia da sua morte
Exatamente 17 de agosto de 1987
Ouvi pelo rádio, eu tinha 10 anos!
Engraçado que no rádio AM chiado ouvi falar do jornalista, cronista e poeta
Nunca mais me esqueci
E na minha infância nem poderia supor que me apaixonaria por Drummond
Passei a lê-lo na adolescência, crônicas de escritores mineiros
(aqui agradeço aos meus pais e professores, sobretudo a Iara de português)
Depois passei a devorá-lo!
E cada vez mais apaixonada
Sempre que preciso de uma mensagem, citação, inspiração é em Drummond que busco
Passou a ser uma referência
Aí reside a diferença entre um digitador de idéias e um escritor de verdade!
Drummond, sempre Drummond!
Vou deixar aqui uma poesia que é marca de sua irreverência, fala sobre a bunda:
A bunda que engraçada
A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda – esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda,
rebunda.
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